Pedaço de texto recuperado no meu note antigo:
O que mais me incomoda num pé na bunda não é ficar sem a
pessoa “amada”, é a imobilidade, a passividade. Explico: quando você é parte de
um casal o pronome predominante é: nós. Nós vamos, nós nos amamos, nós estamos
em casa. Quando alguém te dá um pé na bunda retoma ao pronome singular de
primeira pessoa (que fala, que impõe, que decide): eu preciso de tempo, eu não
sei o que quero, eu não te amo mais.
E o pior, te relega ao papel de segunda
pessoa do discurso, o ouvinte, o passivo. A você cabe aceitar, sorrir
cortesmente, fingir que não te afetou. A você o panelão de brigadeiro, os erros
cometidos numa balada bêbada de vingança, o “título” de ex.
Nada mais amargo do
que ver o seu até então complemento conjugando no singular, lépido e faceiro
como se risse da sua cara estática, ainda processando a mudança gramatical de
estado civil.
Nossa história ♥
Há 6 anos
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